JULIETA INTERVIEWS LEANDRO CORREIA AUTHOR OF O PROCESSO DOS TÁVORAS - MAY 23, 2025
May 23, 2025
Dear Professor Leandro Correia,
I very much enjoyed the talk about your non-fiction book, O Processo dos Távoras, that took place at Palácio Fronteira in Lisbon, on January 16, 2025.
After the so-called attempt on the life of King José of Portugal - D. Maria I's father - the Távora family, the Duke of Aveiro, and a few commoners were slaughtered under the orders of the Marquis de Pombal, King José's Prime Minister.
The proceedings were reviewed under D. Maria I of Portugal, in an attempt to rehabilitate the memory of the Távora Family and the Duke of Aveiro.
I would like to briefly dwell on a couple of issues that you presented to the enthusiastic audience that day.
Julieta Rodrigues: You spoke of 11 gunmen firing at King José of Portugal on that ominous day of September 3, 1758. I have only heard of two or three gunmen.
May I ask where did you find this information?
In all, do we know how many shots were fired?
Professor Leandro Correia: A questão dos onze atiradores encontra-se no chamado "Processo Condenatório" ou "Processo Pombalino". Um processo claramente manipulado pela máquina jurídica montada pelo Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo. A referência aos 11 cavaleiros foi uma forma de associar os membros da família Távora que interessava eliminar. O Duque de Aveiro acabou por referir mais pessoas do que as que realmente estariam implicadas, uma vez que estava a falar sob tortura.
Deste modo, deve considerar-se que foram apenas dois ou três atiradores.
A questão do número de tiros levanta dúvidas, na minha opinião. Tendo em conta que a carruagem em que seguia D. José I se encontrava em movimento, e o momento ter causado surpresa, não é, de todo, claro se houve mais (ou menos) tiros do aqueles que, de facto, se conhecem e que são dois. O que se sabe - por uma carta da Rainha D. Mariana Vitória a sua mãe, no dia 17 de dezembro de 1958 - é que foram dois, como esta refere, "dois golpes de fogo quase à queima-roupa (...)".
Julieta Rodrigues: Many servants of the Duke of Aveiro, and his wife, were interrogated when the Távora Proceedings were reviewed. I'm interested in these commoners. What do you know about Lourença da Cruz, "A Black and Free woman"? We know she lived in Cardal da Graça in Lisbon. Is there a record of her interrogation? What does she say? Does she testify against or in favor of her former patrons?
Professor Leandro Correia: O depoimento de Lourença da Cruz "Mulher preta e livre", moradora no Cardal da Graça, em Lisboa, criada da Duquesa de Aveiro, foi uma das testemunhas arroladas pelo Marquês de Alorna e Fronteira no chamado "Processo Revisório", autorizado pela Rainha D. Maria I. O testemunho dela é muito sóbrio e lúcido quanto a toda esta história. O depoimento de Lourença da Cruz é claramente um depoimento revisionista, portanto, a favor da inocência, sobretudo da família Távora. Não se refere ao Duque de Aveiro.
Do seu depoimento, destaco o seguinte ""[...]antes do ferimento que se disse feito a sua Magestade se perparavão na caza da mesma Duqueza vestidos e mascaras e se ensayavão contradanças para hirem a hũas festas de touros da banda d'alem nas quais entrava Luis Bernardo de Tavora que sempre levava comsigo o rebeca Andre e vio ella testemunha que na noute em que se dicerão feitos os ditos ferimentos ao acender das luzes pouco mais ou menos, fora o ditto Luis Bernardo com o referido rebeca e ahi dansarão athe depois da meya noute, sem que dali sahicem [...]".
Professor Leandro Correia, Thank you very much for taking the time to answer my questions.